sexta-feira, 29 de maio de 2015

Relato de Parto - Monah Pressato

RELATO DE PARTO NATURAL DOMICILIAR - nascimento da MALU (12/03)



Era mais um dia do final da minha gravidez, como eu não estava mais trabalhando me ocupava em arrumar a casa, ir ao mercado e fazer atividades que não comprometessem meu bem estar.

Era quarta-feira, de manha arrumei a casa pois a equipe do jornal O Globo iria lá em casa para uma entrevista sobre partos humanizados.
Assim que terminei de arrumar a casa, fui ao mercado para repor o que faltava na geladeira.

Na volta do mercado notei que a minha bermuda estava molhada, parecia suor. Tomei um banho, me arrumei para receber a Gabi, minha doula, e a equipe do jornal.
Fizemos a entrevista e tirarmos as fotos com o belly maping que a Gabi fez.

Era 12:30hs, eles foram embora e lembro de falar brincando com a Gabi "até daqui a pouco...", e seria mesmo!

Próximo de 13:00hs comecei a sentir coliquinhas leves que vinham e iam... Achei engraçado, até troquei mensagem com algumas pessoas falando que poderia ser o inicio, mas quando foi 15:00hs tudo foi embora.
Falei com a Gabi que me pediu pra relaxar e tirar um cochilo... Fiz isso.
Relaxei. Quando foi 18:30hs acordei com cólicas novamente.
VIBREI!!! mas como poderia ser os pródromos (falsas contrações) esperei para ver se continuava.

O Léo chegou as 20:30hs, esquentei o jantar e comemos, tudo normalmente. Falei que estava sentindo um dorzinha leve e pedi que ele marcasse o tempo entre elas. Estava de 6 em 6 minutos.
Eu ja tinha ido ao banheiro fazer xixi e vi que o tampão mucoso saia aos poucos com o passar do tempo.
Comemoramos!

Avisei a fotografa, a gabi e a maira ja estavam em stand by.
Entrando na fase ativa chamaríamos todos.



As coliquinhas ficaram mais doloridas um pouco, pedi que o Léo fizesse uma compressa de água quente para aliviar a dor na lombar - isso mesmo. A dor do parto não é na vagina, é nas costas que irradia para o baixo ventre.
Nesse momento o corpo passou por um processo natural de "liberar o excesso". Me senti enjoada... Fui ao banheiro vomitar e deu dor de barriga tbm, fiz cocô.

Depois desse momento, achei que era o momento de chamar a Gabi, vi que a coisa tinha engrenado, o tempo entre as contrações estava diminuindo para 4 em 4 minutos.
Entramos na fase ativa era meia noite - quando é considerado trabalho de parto mesmo!
Nos partos humanizados não são feitos toques, pois quando a bolsa esta rompida vira entrada de bactérias, além do fato de deixar a mulher mais ansiosa no processo.
Cada etapa acaba ficando caracterizada por uma resposta do corpo durante o processo - fase latente, fase ativa, expulsivo e ir pra galera!



A Gabi chegou, ficamos juntas por um tempo na sala, e a dor intensificou um pouco, tanto que não conversávamos muito.
A compressa de água quente nao estava mais aliviando.
Ela me sugeriu uma chuveirada de água quente.

Fomos para o banheiro.
No chuveiro a dorzinha aliviou demais, então deixei a água cair nas costas. Com o passar do tempo senti que, mesmo com o chuveiro, as dores estavam voltando a intensificar. Foi quando eu sentei no chão do chuveiro para ficar mais confortável.
O tempo passava e ai sim... começou a doer bem forte. E me lembrei que quando mais próximo da dilatação total, passaria pelo famoso MEDO DA MORTE, e estaria muito proximo do fim.
E foi o que aconteceu.
Xinguei, fechei o olho, falei um monte de besteira mas o corpo era quem mandava - nao adiantava eu ir contra a fisiologia.
Foi quando eu me dei conta que a adrenalina tomou conta... Até então eu estava serena. Perguntei pra gabi se ja estava com dilatação total, e ela balançou a cabeca que sim... Nao acreditei!!! Cada contracao que vinha eu tentava me acalmar, respirar, manter a calma... Eu sabia parir, era só deixar o processo acontecer.



A dor foi diminuindo, e ficando mais espaçadas - que incrível! Agora viria o expulsivo! Achei incrível ter chegado até ali e ter sido tão facil

No expulsivo, as contrações doloridas dão lugar a contrações de puxos.
Os puxos sao movimentos involuntários do corpo para a descida do bebe. Sabe aquele movimento que o corpo faz involuntário para vomitar? Era isso!
Nao era dor, era vontade de fazer forca, como se fosse um cocô.

A cada contracao eram 3/4 puxos de forca.
Nesse momento a piscina ja estava pronta para eu entrar e com água morninha.
Entre uma contracao e outra,
sai do banheiro e fui pra sala andando normalmente. Notei que no momento do expulsivo o tempo entre os puxos dava até pra tirar um cochilo, de tão relaxa que fiquei.
Entrei na banheira, foi quando a bolsa estourou, mas nao percebi - a enfermeira que me falou depois.
A vontade de fazer forca era muita.
O Léo me dava a mão, e eu sabia que ja estava acabando, que logo logo veria a MALU na minha mão.

Fiquei na piscina por uns 20 minutos mais ou menos e no silencio da madrugada eu fechei os olhos e agradeci.
Foi um momento muito bonito de gratidão a Deus pela missão que me foi dada, que nova vida gerada, pelo marido que eu tinha e amava, pela minha decisão ter sido estigmatizada mas eu ter tido serenidade e fé de chegar naquele momento pouco antes da MALU chegar.
Todos choraram, Léo inclusive... E comecei a chamar pela MALU, e cada puxo que eu fazia forca sentia ela vindo de verdade, descendo e mexendo. MÁGICO!





... e foi quando o Léo partiu pra função de goleiro, eu havia pedido a equipe que ele pegasse a Malu na água.
Eu olhei pra ele e nao sentia nada, so vontade de fazer cocô duro
Ele fez uma cara de espanto e quando olhei pra baixo a cabeça da MALU estava entre as minhas pernas. Queria que aquele momento se eternizasse...
Falei pra ele pegar ela assim que viesse o outro puxo e o corpinho saísse... Com toda a calma do mundo a Maíra tirou a circular de cordão do pescocinho dela e Leo se empoderou e partiu para a missão pai do ano!
Ele foi a pessoa que recebeu a MALU no mundo, nao podia ser diferente. E no mesmo momento tudo acabou. Acabou puxo, acabou a apreensão, e sobrou curiosidade de saber como era a nossa gatinha...
Ela chorou no primeiro momento da vida, enchendo o pulmaozinho, toda rosa, 53cm, 3700gr, espertíssima - APGAR 10! - e tinha a tão temida circular de pescoço hein!


Nesse primeiro NOSSO momento, o Léo entrou na piscina e ficamos os três nos namorando. A MALU olhava pro Léo e pra mim como se dissesse "eram vcs o tempo todo?"...
E as 5:07 aconteceu meu tão sonhado parto natural. Sem anestesia, sem intervenção, no tempo da MALU. Chorei, por me ver tão forte diante de um mito.
Sorri diante do ser que Deus Me mandou para me fazer acreditar na vida. E desde então nao paro mais de sorrir.



Levantei, pari a placenta enquanto amamenta.
Tiramos fotos, beijei muito o Léo, beijei muito a MALU, ela mamou, tomei banho, tomei café com a equipe, brindei a vida!
Tiramos fotos, liguei para os meus pais irem me visitar... Nada convencional, mas o mais normal o possível.
Nunca estive doente para precisar me internar, meu lar foi meu porto seguro. Quem fez o parto fui eu e a MALU, mais ninguem. O resto só assistiu e aplaudiu!



E vida que segue mais incrível do que nunca!
Espero que eu te empodere, e faça dos mitos sua forca. Todas nos podemos, as pessoas que tem a mania de dizer que tudo é impossível nessa vida.
SE FAZ SENTIR FAZ SENTIDO








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